novembro 15, 2011

Ordem e Regresso

Por Leonardo Attuch

Há algo de inquietante no espetáculo promovido pela Polícia Militar de São Paulo para garantir a reintegração de posse da reitoria da USP. Armados até os dentes, numa operação digna do filme “Tropa de Elite”, os policiais tomaram o prédio e prenderam 72 estudantes. Cumpridores do seu dever, os homens fardados fizeram o que a Justiça havia determinado e enquadraram os “maconheiros mimados” – todos “filhinhos de papai" que não têm gratidão pela educação pública que recebem.

Do lado de fora, muitos saudaram o “choque de ordem” e a “aula de democracia” que o governador Geraldo Alckmin teria dado aos estudantes. Só faltou um Capitão Nascimento para cobrir de porrada aqueles “vagabundos” com cabelo rastafári, que depredavam o patrimônio construído com o suor do cidadão brasileiro pagador de impostos.

Ordem e progresso? Não, ordem e regresso. Na crônica dos acontecimentos, os estudantes que ocupavam a reitoria eram chamados de “fascistas encapuzados”. E boa parte da população via com naturalidade – e até com bons olhos – uma ação militarizada dentro de um campus universitário. Onde será que está mesmo a semente do fascismo?

Uma das poucas vozes a se levantar contra a marcha da insensatez foi a do ministro da Educação, Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, que lembrou que a “USP não é a cracolândia”. Mas ele foi logo silenciado pelo coro estridente dos bons-moços e chamado de “frouxo” pelo adversário José Aníbal, que é também pré-candidato à prefeitura paulistana, pelo PSDB. “Pau nos vagabundos”, parecem gritar as hostes conservadoras.

Pouca gente, no entanto, parou para pensar no que realmente pedem os estudantes. Faz sentido prender alunos que fumam maconha num local como a USP? Não será mesmo a vida universitária um ritual de passagem, como definiu o deputado Paulo Teixeira? E por que não aproveitar o episódio para discutir a descriminalização das drogas leves?

Se há mesmo necessidade de policiamento na USP, não se trata de um batalhão de choque, mas sim de uma polícia comunitária e mais tolerante. 

novembro 08, 2011

Nota pública dos presos políticos da USP


Nota pública dos presos políticos da USP

Nesta terça-feira, 08.11, a população assistiu à lamentável cena da tropa de choque invadindo a Universidade de São Paulo. Com a justificativa de manter a ordem, o governador do Estado, Geraldo Alckmin, aliado ao Reitor da USP, João Grandino Rodas, defenderam o uso da força policial contra a pacífica manifestação estudantil no campus.

Longe de produzir cenas de conflito entre estudantes e os homens do choque, a intenção do movimento sempre foi a de negociar suas reivindicações. Apesar da reintegração de posse estar juridicamente autorizada para acontecer a partir das 23h desta segunda feira, 07.11, o uso da força policial poderia e deveria ser evitado mediante um simples comunicado da reitoria de que as negociações estavam em andamento.

Para além do discurso legalista da reitoria e de parte da imprensa, temos consciência de que as forças policiais agem politicamente e que a reintegração de posse foi uma resposta intransigente do Reitor a toda a comunidade universitária, demonstrando que, para ele, o uso da força deve se sobrepor ao diálogo.

Permanecíamos ocupando a reitoria como forma de defender a liberdade de manifestação e acreditávamos que a gestão do atual reitor da USP estava finalmente disposta ao diálogo; o que, diante dos fatos, mostrou-se uma ilusão.

Os estudantes estavam organizados para realizar hoje um amplo ato, a partir das 12h, com o objetivo de exigir a retirada dos processos administrativos e disciplinares contra estudantes e trabalhadores e denunciar que a presença da polícia militar no campus é um instrumento da reitoria para eliminar resistências a seu projeto de universidade.

Os processos administrativos - deve-se salientar - são baseados em um artigo do estatuto da USP, elaborado em 1972 - em plena ditadura militar - que ainda vigora e proíbe atos democráticos de manifestação na Universidade.

A organização estudantil estava preparada para levantar as suas bandeiras de luta em um ato pacífico, realizar debates, panfletagens, e prezar pelo diálogo através da reunião de negociação com representantes da reitoria da USP que está marcada para esta quarta-feira, 9.11.

A reintegração de posse foi o caminho oposto ao que o reitor parecia se propor, e a militarização da USP com 400 homens do choque - uma força desproporcional diante do número de estudantes que estavam ocupando a reitoria nessa madrugada - foi um violento ataque ao direito de lutar, que expressa para toda a sociedade que as liberdades democráticas têm sido tratadas como caso de policia na Universidade de São Paulo.

Nossa luta não é de uma minoria: lutamos pela educação pública como um direito de toda a população e não por uma universidade fechada, militarizada e para poucos. A verdadeira minoria, que é a representante das elites do país, não vai nos calar com a força.

Fazemos um pedido para que os canais de comunicação cessem o massacre público ao movimento: a mobilização na USP é um movimento social que está sendo criminalizado.
Pedimos solidariedade às entidades estudantis, sindicais, movimentos sociais e de toda a população, para a luta contra a criminalização e pela defesa dos estudantes que foram detidos.

Não-Carta ao ex-presidente FHC

Por Cynara Menezes, da Carta Capital


Caro ex-presidente e ex-professor da USP Fernando Henrique Cardoso:

Não lhe escrevo essa carta, na verdade não existe carta nenhuma, porque falar de maconha é um tema proibido em nosso país. Nos últimos anos, o senhor tem inclusive contribuído para trazer este debate à tona, ao propor publicamente a descriminalização da maconha em palestras e com o documentário “Quebrando o Tabu”. Mas nem mesmo o senhor, sendo idolatrado pela mídia do jeito que é, tem sido capaz de romper a hipocrisia que reina no Brasil em torno deste assunto. Até marcha pela descriminalização é proibida por aqui, como se a liberdade de expressão não valesse para a “erva maldita".

O senhor deve ter assistido à tragédia da Polícia Militar invadindo a Universidade de São Paulo, onde estudou e ensinou. As cenas foram tristes para quem, como a sua geração, lutou pela democracia: soldados apontando fuzis na cara de estudantes desarmados. É verdade que eles haviam tomado a atitude extrema de invadir a reitoria da Universidade, mas veja só como tudo começou. Há duas semanas, policiais que estavam ali para defender a comunidade universitária de assaltos e estupros, abordaram três garotos que estavam fumando um mísero baseado no estacionamento da Faculdade de História e os levaram para a delegacia. Seguiram-se conflitos e protestos que culminaram na invasão da reitoria.

Se pudesse escrever estas palavras, eu perguntaria ao senhor: quem provocou quem? Quem eram os donos da casa e quem eram os forasteiros? Quem chegou disposto a criar confusão reprimindo hábitos das pessoas que fazem parte daquele lugar? Fumar maconha é proibido por lei e não posso falar isto para um ex-presidente, de forma alguma, imagina. Mas se eu pudesse, diria que aposto que, em tantos anos na USP, o senhor deve ter visto inúmeras vezes cenas semelhantes às que os policiais reprimiram. Ou, no mínimo, sentido o cheiro familiar dos cigarros de maconha sendo acendidos, sempre discretamente, aqui e ali em recantos aprazíveis da Cidade Universitária.

Se a hipocrisia reinante me permitisse, eu argumentaria que fumar maconha no campus é um hábito disseminado e tolerado há décadas não só na USP como em quase todas as universidades do País – e, desconfio, do mundo. É como se o ambiente universitário fosse um oásis, onde o jovem em formação tem a liberdade para conhecer coisas novas, existencial e intelectualmente falando: livros, pessoas, música, cinema, arte. E, algumas vezes, maconha. De causar estranheza naquele local, é, isso sim, a presença de policiais militares fazendo a ronda: a rigor, a segurança do campus não deveria ser militarizada, mas de responsabilidade de uma Guarda Universitária.

Mas já que o governador, do seu partido, e o reitor, alarmados com o assassinato de um aluno dentro do campus, acharam por bem assinar um convênio com a Polícia Militar, eu gostaria muito de pedir ao senhor, mas não posso, que pudesse lhes aconselhar um pouco de bom senso. Jamais escreveria absurdos assim, de jeito nenhum, longe de mim. Mas o ideal seria que o senhor, em primeiro lugar, lembrasse a eles que um dia foram jovens como os estudantes que foram levados à delegacia naquele primeiro momento. Tenho certeza que muitos pais como eu não gostariam de ver seus filhos sendo presos por um delito tão insignificante quanto fumar um baseado junto a um grupo de colegas de faculdade.

É uma pena que não possa lhe dizer também que pondere com o governador e o reitor que policiamento no campus é para coibir assaltos e estupros, não para reprimir estudantes que estão pacificamente fumando um beck e conversando sob uma árvore qualquer. Que correr atrás deles é uma perda de tempo e é uma incitação ao conflito, que voltará a ocorrer em situações similares. Não é porque policiais apontaram armas na cara de estudantes que os estudantes deixarão de fumar baseados –ou de reagir quando forem reprimidos. E, olha só, o senhor nem precisaria aparecer, poderia fazer isso tudo discretamente, bem ao gosto dos que tentam dourar a pílula e fingir que a maconha não existe. Enfim, não posso lhe falar nada disso: é ilegal, imoral e ainda por cima tira votos. Mas, ah, se eu pudesse…

novembro 06, 2011

O exemplo de Lula

Por Leonardo Attuch


Quem ainda não viu, assista.

O vídeo em que Lula agradece ao povo brasileiro pela solidariedade empenhada, do Oiapoque ao Chuí, diante de sua doença, que foi disponibilizado pelo Instituto Cidadania (www.icidadania.org), é, talvez, a mais perfeita peça de comunicação já feita na história do País. E é também uma peça política sem que tenha sido planejada com esse fim. Foi uma mensagem espontânea, sincera e fruto da intuição de um gênio na arte da comunicação.

Basta assistir ao vídeo para entender por que Lula, enquanto estiver presente na cena política, será um personagem imbatível e sem adversários à altura, dentro ou fora do PT. Primeiro, há a identificação com o homem comum – “o que aconteceu comigo é daquelas coisas que acontecem com todos, mas a gente pensa que é só com os outros, nunca com a gente”. Em seguida, a fé e um conselho, válido para qualquer pessoa. “Vamos tirar de letra” e “Basta seguir as recomendações médicas”.

O vídeo ganha mais significado quando surgem as primeiras mensagens políticas, como (1) “não existe espaço para pessimismo”, (2) “sem perseverança, não se vai a lugar nenhum” e (3) “nós temos que lutar, pois afinal de contas é para isso que nós viemos para a Terra”. É nesses pontos que a luta do ser humano Luiz Inácio contra o câncer se confunde com a do povo brasileiro contra as agruras do dia a dia.
E é assim que surge a identificação entre o líder e as massas.

Se não bastasse o conteúdo, há também a forma. Lula, o tempo todo, está ao lado da esposa, Marisa Letícia, de onde parece brotar uma força sobrenatural. Aliás, o companheirismo desfrutado pelo ex-presidente ao longo de sua vida, privilégio raro, explica boa parte do seu sucesso. No fim, há a mensagem endereçada aos companheiros e militantes, que são convocados por Lula para “o próximo comício”, “a próxima assembleia”.

Nada disso foi ensaiado ou planejado. Foi uma cena perfeita, numa só tomada, e sem erros de gravação. Quem, além de Lula, conseguiria fazê-la? E o fato concreto é que, no imaginário popular, o ex-presidente tornou-se ainda maior. Quem venceu a fome, a ditadura, o preconceito e a desconfiança dos mercados há de vencer o câncer.

E, se Lula pode vencer, todos os brasileiros também podem. 

outubro 29, 2011

A direita brasileira mostra sua cara. #ForçaLula

O Brasil recebeu estarrecido a notícia da grave doença de Lula. Mais estarrecido ainda, acompanhou a rapidez com que os grandes veículos de comunicação espalharam a notícia e correram chamar seus comentaristas de primeiro escalão para uma celebração velada, porém desprovidade qualquer ética ou respeito. Nas palavras de Luis Nassif, brilhantemente veio a definição do que estamos acompanhando na mídia neste triste dia: É selvageria em estado puro".

No twitter, estamos acompanhando uma igualmente rápida comoção da sociedade de bem, com diversas frases de apoio direcionadas à Lula. A hastag #ForçaLula está dominando os TT's durante todo o dia. Nada que não esperássemos de uma sociedade que vê em Lula a imagem de um grande pai, aquele que durante anos defendeu seus milhões de filhos como nunca antes na história desse país.

E justamente nesta hora em que o Brasil se úne em torno do apoio à Lula, é de se imaginar que do alto da racionalidade humana, os lados políticos raivosamente opostos deixem de lado suas disputas e juntos somem forças na torcida pela vida de uma pessoa. Mas como disse Nassif, "é selvageria em estado puro".

E esta selvageria se personificou na figura de um mosntro chamado João Antônio Cardoso, presidente da Juventude do PSDB da cidade de Santo André, SP. Não sei se é correto dar ainda mais voz a esta aberração digna apenas de todo o asco, nojo, repúdio possíveis. Mas o faço porque, por mais revoltante e asqueroso que sejam suas declarações, a sociedade tem obrigação de tomar conhecimento. Mais ainda, tem de enxergar a verdadeira faceta da direita brasileira, escancarada hoje por um de seus representantes. Via twitter, espalhou seu ódio:

•    “NÃO TO FELIZ NADA... SE ESSE PORRA MORRER VAI VIRAR MARTIR E BRASILEIRO IDIOTA VAI VOTAR NO PT POR CAUSA DELE”.

•    “ASSINOU O ATESTADO DE CACHACEIRO RT @UOLNoticias Tumores na laringe têm relação direta c/ tabaco e bebida, diz médico”.

•    “hahaha #LulalánoSUS RT @JoaoCardosoPSDB: QUE O LULA VENÇA O CANCER, PQ PRO FERNANDO HENRIQUE ELE PÉRDEU 2 VEZES KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK” .

•    “Gente, eu não gosto de desejar a desgraça pra ninguem, mas se o LULLA ficasse sem falar ia ser mto bom pros nossos ouvidos rsssssss”


É simplesmente lamentável presenciarmos  este tipo de coisa. Mas é necessário espalharmos essas declarações para o máximo de pessoas possíveis, já que a mídia golpista não o fará. Pelo contrário, veladamente estará compartilhando as idéias deste monstro nos seus comentários e noticiários.

Se dizem que há males que vem para bem, podemos dizer que o mal da doença de Lula, já constatada como em estado inicial, perfeitamente curável sem sequelas, serviu para unir mais ainda a sociedade brasileira em seu apoio, demosntrar a força gigantesca que seu nome carrega. E serviu também para desmarcarar definitivamente a direita brasileira, acabar de uma vez por todas com as dúvidas dos que ainda se deixavam levar vez ou outra por discurssos bem comportados e politicamente corretos, do tipo "o que o povo quer ouvir".

Essa é a monstruosa e verdadeira face da direita brasileira. Repúdio total a ela!!!!

Lula, estamos e estaremos sempre ao seu lado!!!  #ForçaLula

Globo, Veja, Folha e Estadão: O partido mais sujo da oposição

Do blog Terra Brasilis

Desde que tomou o governo de São Paulo, o PSDB lava as mãos dos Frias, Mesquitas e Cívitas que, em retribuição, também lavam as mãos dos tucanos fazendo-se de mortos para sua incompetência administrativa. A cartilha da máfia midiática reza que nunca houve picaretagem com empreiteiras em São Paulo, nem acumulam-se nas gavetas as denúncias de fraudes milionárias em licitações para obras do Metrô, Rodoanel e mais recentemente o escândalo da venda de emendas na Assembléia paulista.

Serra ou Alckmin ou Serra ou Alckmin (dependendo da gestão) compram milhares de assinaturas anuais do PiG que distribuem em toda a rede estadual de ensino. A esse mesmo destino seguem milhões de bugigangas editoriais travestidas de paradidáticos, compradas do “Vou derrubar a Dilma“. É o mínimo que o governo paulista pode fazer para amenizar a mingua das verbas de propaganda institucional do Governo Federal que, a partir de Lula, deixaram de ser canalizadas para o PiG e passaram a borrifar 8 mil veículos de comunicação de norte a sul do país.

Já os professores do ensino público paulista são tão bem remunerados, que não precisam de três empregos somando uma jornada de 16 a 18 horas diárias para por comida na mesa de suas famílias. Assim, sobra-lhes tempo para desfrutar da leitura do PiG deles de cada dia. Se você não entende porque recebem Folha e Estadão – já que ambos sempre trazem leitura idêntica dos fatos – saiba que há, sim, “importantes diferenças” entre os dois calhamaços de papel borrado: horóscopo, quadrinhos e receitas. Já em relação à Veja, Época e IstoÉ, as fotos fazem a diferença. Caras é indispensável para que se saiba de tudo sobre as festas das elites e os casamentos dos atores da Globo. Basicão, entende?

A essa extraordinária audiência das repartições públicas que os jornais e revistas do PiG garantem em São Paulo, soma-se a do assinante e a do comprador de exemplares avulsos. Cidadãos de “consciência política aguçada”, quase sempre dispensam o restante do jornal para se concentrar no valioso caderno que trata de política – particularmente nas páginas que tratam da nacional. Adoram ler as notícias repetitivas ou requentadas que atacam o governo federal todos os dias. E como raramente aparecem matérias feitas por jornalistas de verdade, esses leitores não percebem como essa categoria está ultrapassada no Brasil e seu compromisso com a verdade é um hábito em desuso desde 1964.

O leitores paulistas do PiG andam sempre “calmos e bem dispostos”. Seja antes ou depois de desfrutarem o “passeio” de hora e meia, em média, pelas ruas e avenidas da cidade, na ida ou na volta ao trabalho – não vêem a hora de se debruçarem sobre os colunistas e editorialistas que exercitam “diversidade e pluralidade” de opiniões de dar inveja aos melhores jornais e revistas do mundo.

Mas nem tudo são flores. Apesar do espetacular e patriótico serviço prestado ao Brasil, os jornalistas e seus donos não cansam de se perguntar: “Espelho, espelho meu, porque a maioria da população brasileira não dá a mínima para meu trabalho – como gritaram as urnas nas últimas 3 eleições? O que devo fazer para derrubar presidentes em pleno século 21″

“A verdade está no bolso do povo” – responde o vidro. “Brasileiros de norte a sul, estão muito mais interessados em usufruir do bom momento econômico e das transformações sociais que insistem em melhorar suas vidas. Para eles – prossegue o espelho – vale o ditado do vovô: em time que está ganhando, não se mexe”.

Alguns psicólogos desconfiam que o povão tem com seus botões que desde que inventaram a política, a prática de corrupção faz parte do seu DNA. O povão também não engole a idéia de que o corrupto do outro lado da cerca é mais corrupto que o corrupto do lado de cá. “Além disso – diz a sabedoria popular – a presidenta não dá moleza, demite suspeito de corrupção sem dó”.

Enquanto as baratas tontas da oposição decadente, sem rumo, sem projeto e sem candidato, tramam junto ao seu partido midiático o próximo ataque ao país, o brasileiro contabiliza de forma simples e concreta, tudo que este governo lhe faz de bom. De nada adiantarão os chiliques histéricos do bonequinho baiano do DEM, partido, que por sinal é medalha de ouro e recordista nas olimpíadas da corrupção.

Terão que derrubar o país, para que a presidenta caia junto

E para quem não percebeu ainda, já estamos em plena campanha eleitoral. O inimigo imediato da oposição é o ministro da Educação, forte candidato à prefeitura de São Paulo. Os abutres do jornalismo de esgoto já estão salivando em torno do ENEM…

outubro 25, 2011

A selvageria no jornalismo

Por Luis Nassif, em seu blog


O vale-tudo da informação chegou a um ponto sem retorno.

Historicamente, as jovens gerações de jornalistas entram com todo gás, querendo fazer carreira e, para tanto, seguindo os critérios de avaliação das direções. Se os critérios são tortos, forma-se uma geração torta. Foi assim com o rescaldo da campanha do impeachment, que consagrou os profissionais que mais atentaram contra os princípios jornalísticos, os que mais inventaram notícias, que se apossaram de matérias de terceiros.

O momento atual é o mais escabroso da moderna história da imprensa brasileira.

Na transição de gerações, existem os jornalistas experientes, servindo de referência e de moderação para os mais apressados. Cabe a essas figuras referenciais ensinar os limites entre jornalismo e ficção, o respeito aos fatos e as técnicas que permitam tornar as matérias atraentes sem apelar para a ficção ou para os ataques difamadores. Principalmente, cabe a eles mostrar os valores universais da civilização, o respeito ao direito sagrado da reputação, o pressuposto de que as acusações precisam vir acompanhadas de provas ou indícios relevantes, o direito de se ouvir, sem viés, a defesa do acusado, o uso restrito do jornalismo declaratório.

A questão é que esse meio campo está com lacunas.

O episódio Orlando Dias mostrou jornalistas consagrados, que deveriam fazer o contraponto, ajudando a criar o clima de expectativa em cima das capas de Veja. São jornalistas que estão fartos de saber que a revista não segue princípios jornalísticos, que mente, difama, blefa, que promete provas que nunca aparecem. Mas não se pejaram de aproveitar o embalo para atacar adversários históricos.

Outros jornalistas, com história e credibilidade, preferiram recolher-se ao seu próprio trabalho, pela notória impossibilidade de remar contra uma tendência irreversível de consolidação do jornalismo de esgoto.

Fazem bem em se poupar e não tentar remediar o irremediável.

outubro 15, 2011

Porque Globo e Veja não denunciam a corrupção do PSDB em SP

Estamos presenciando hoje mais uma tentativa do PIG de desestabilizar o governo Dilma Roussef. Mais uma vez a mesma sistemática se repete: A Veja traz na capa mais um "suposto" escândalo envolvendo gente do governo, logo em seguida, o UOL/Folha exibe em sua página principal, em fonte negritada, a denúncia lançada pela Veja. E como sabemos, não para por aí. Quem tiver estômago e assistir o JN de hoje, verá logo após o "Boa Noite" do Bonner, a repercussão da mesma denúncia.
Até aí, nada de novo. O Código de Ética da Globo exige que a emissora denuncie todo e qualquer tipo de mal-feito contra a sociedade, independente da esfera no qual ocorra. Novamente, nada de novo.
Partindo-se deste presuposto, seria normal se há duas semanas atrás o JN iniciasse sua edição trazendo ao público a denúncia de venda de ementas parlamentares na Assembléia Legislativa de SP? Ou então a revista Veja exibisse na sua capa a foto de Geraldo Alckim como chefe do "suposto" (palavra que esta revista adora) esquema de corrupção? (Assim chamou Lula nas diversas vezes em que publicou "supostos" esquemas de corrupção, mesmo qe envolvendo gente completamente distante do então presidente)
Tal recurso seria bem apropriado se usado em uma eventual capa denunciando o escândalo tucano em SP. O PSDB governa o estado há 17 anos e desde o início transformou a Assembléia Legislativa em uma verdadeira caixa-preta, com complacência e apoio dos quadros tucanos que já ocuparam o cargo, não ficando fora desta lista, é claro, Geraldo Alckmim.
Mais do que isso. Alckmim, durante sua primeira passagem pelo governo, montou uma verdadeira tropa de choque na ALESP que, em 6 anos, conseguiu barrar a instauração de 63 CPIs; mais de 10 CPIs barradas por ano; praticamente 1 CPI barrada a cada mês de governo.
Não nos surpreende que este mesmo Alckmim está agora lutando com todas as suas forças para barrar a CPI da Venda de Emendas Parlamentares, que está há duas assinatuas da instauração. Veio a público unicamente para desqualificar a denúncia, feita por um próprio parlamentar que habita os cândidos corredores da ALESP há vários anos, e transferir para este parlamentar a denúncia e o foco da grande mídia.
Cabe neste ponto responder a pergunta que fiz logo acima. O que fizeram Globo, Veja, UOL/Folha ?? Absolutamente nada. Não se viu ação alguma destes para denunciar este escândalo. Nem isoladamente, muito menos orquestrada, como fazem com denúncias contra o governo federal por exemplo, normalmente aos sábados. Pelo contrário, unicamente o que se viu foi a repercussão da fala covarde de Geraldo Alckmim abafando mais um escândalo.
E quanto à CPI da Venda de Emendas Parlamentares, esta vai ser instaurada?? Se depender de Alckmim e da sua tropa de choque, com certeza não. Mas caso um certo PSD cause mais estragos na bancada tucana e faça brotar mais duas assinaturas, a outra tropa de choque, bem mais poderosa e estruturada, não deixará que esta notícias chegue aos jornais, telejornais e revistas. 
Se esta CPI acontecer, é muito provável que, numa infeliz coincidência, a capa da Veja esteja ocupada com outra reportagem sobre o Facebook ou remédios emagrecedores, enquanto o JN resolva dar mais espaço para o Galvão Bueno falar da seleção brasileira ou da Fómula 1.

A ética da Globo, segundo Jô Soares

Recentemente, a Globo divulgou em horário nobre no JN o seu Código de Ética. Ironicamente, nada do que foi dito algum dia chegou a ser cumprido.
O vídeo abaixo retrata perfeitamente este fato. Durante a entrega do Troféu Imprensa de 1988, Jô Soares, que acabara de deixar a Rede Globo, lê um artigo duríssimo no qual retrata as práticas "éticas" da emissora. 

Programa Eleitoral Gratuito (?) do PSDB: Mais do mesmo, de novo

Por Brizola Neto, no blog Tijolaço


O programa do PSDB que foi ao ar agora esta semana foi de doer. Parece que os marqueteiros jogaram a toalha, mesmo.
O início do programa ressuscita Fernando Henrique, com a autolouvação do seu governo e uma meia crítica ao PT -  que seria contra tudo, mas depois teria feito igual.
De fato, não consigo imaginar um ataque mais duro que FHC possa fazer a alguém do que compará-lo a si mesmo.
Depois, entra Serra, enfadonho e raivoso. E Sérgio Guerra. E Álvaro Dias. É dispensável fazer comentários, não é?
Na hora do jantar, imagine…
O programa termina com uma série de “the famous who” ( o famoso quem?).
Antes dele, entalado num “limbo de audiência” – porque os níveis mais altos são o início e o final do programa, quando o pessoal volta para ver a TV – vem Aécio Neves. Triste, carrancudo, vira locutor de luxo das obras dos governadores do PSDB, que o escondem da tela. Aliás, quando some da tela para continuar em off, o corte mal feito o faz parecer estar dando uma “beiçada” para a câmara.
Não consigo entender o que pode levar uma pessoa cujo maior apelo eleitoral deveriam ser a juventude e a afabilidade, a capacidade mineira de conversar, a escolher  aparecer assim e não numa conversa com o telespectador.
Aécio, que tinha tudo para surgir como a renovação tucana, como algo diferente daquele ar de  museu de cera da turma do FHCerra, falando em progresso, em desenvolvimento, em unir o país, acaba arrastado para, como dizia o personagem do Chico Anysio, para “o aquém do além, donde que véve os morto”.

outubro 06, 2011

Motivos para não ter Zé Serra em seu partido

Por Luis Nassif

Há uma lista infindável de fatores que desaconselham o PSD a receber José Serra.
O primeiro, é que Serra não tem nada a oferecer.
Certa vez, nos anos 80, Guilherme Afif Domingos – um dos melhores quadros políticos da direita – me esclareceu a respeito da capacidade de Paulo Maluf em arregimentar seguidores: “Ele tem credibilidade no mercado político futuro”, disse ele. A credibilidade decorria de dois fatores: tinha potencial político e cumpria a palavra empenhada.
Serra não tem mais futuro político nem se distingue pela lealdade partidária e pessoal. Na verdade, é um ególatra altamente desagregador – conforme o PSDB está testemunhando.
O segundo fator é a falta de discurso político.
Um partido vive de bandeiras. Desde início dos anos 90 Serra é um vazio cercado de ghost writers – que já debandaram. Não tem noção mínima sobre nenhum dos temas portadores de futuro: gestão, inovação, educação, desenvolvimentismo. Sua retórica atual consiste em analisar qualquer ato de governo e apontar o que a medida não contempla – recurso de um primarismo intelectual clamoroso -, com uma superficialidade tal que é incapaz de entender as contraindicações das medidas que abraça por efeito-oposição.
Hoje em dia, a imagem de Serra está indissoluvelmente ligada ao obscurantismo religioso, à intolerância, à dissimulação, tudo o que o PSD quer esconjurar para se firmar como um centro-direita civilizado.
O terceiro fator é a incapacidade de agregar mais quadros técnicos ao partido
Kassab já tem o que queria, os quadros tucanos que Serra legou quando deixou a prefeitura. E que continuarão com ele simplesmente porque Serra não lhes oferece mais nenhuma perspectiva política.
Por outro lado, o que menos Kassab deseja é a volta dos quadro barras-pesadas que fazem parte do círculo íntimo de Serra – como Andrea Matarazzo e a ex-vereadora Soninha Francine. Nos tempos em que assumiu a subprefeitura da Lapa, Soninha tinha o hábito de desfeitear Kassab na frente de outros subprefeitos, para mostrar que estava acima dele e do lado direito de Deus Pai – Serra. O mesmo comportamento, aliás, de Andréa.
Além disso, quando a campanha eleitoral desnudou o político infame que era, Serra perdeu também qualquer capacidade de aglutinar pensadores social-democratas ligados à Universidade, sem nunca ter conseguido convencer os pensadores mais conservadores.
As ligações com Serra tornaram-se tão comprometedoras que o próprio FHC teve que se afastar dos seus maus fluidos, para não afetar definitivamente sua imagem.
O quinto fator é que a influência de Serra sobre a velha mídia é declinante. Ele nada mais tem a oferecer além de dossiês sobre adversários, esquemas de espionagem e aliados incômodos.
Como não existe vácuo em política, em breve a velha mídia estará caminhando rumo a Aécio Neves ou outro pré-candidato que venha a preencher o espaço da oposição.
Por tudo isso, o habilidoso Kassab certamente já deve ter definido sua estratégia. Não se afasta formalmente de Serra, aguardando que as próprias indecisões dele o confinem e a seus seguidores ao seu espaço político real, que não é maior que uma Kombi.

O comércio de emendas na Assembléia Legislativa de SP

Por Neila Batista, no Blog da Neila

Quando Roberto Jefferson anunciou (em 2005, à reporter Renata Lo Prete) a distribuição de “mesadas” a deputados para que votassem em projetos de iniciativa do Governo Lula, o mundo parecia que ia acabar. Todos os jornalões reservaram suas manchetes e espaços mais nobres ao tema. A revista Veja produzia matérias e capas cada vez mais escandalosas e mais fantasiosas.
Ao final, o “mensalão” tornou-se um exemplo de “atalho cognitivo”: algo que servia para designar qualquer coisa contra o PT, Lula e o governo por ele presidido.
O STF agora vai julgar o caso de supostas mesadas, sem que o objeto da causa corresponda à matéria do “crime”. Havia a palavra de Jefferson alertando que isso acontecia, mas não há – de fato – prova material, documental ou circunstancial de que algo semelhante estava em andamento. Aliás, em sua defesa, ele agora diz que o mesmo não existiu! Ou seja, Roberto Jefferson é réu e testemunha de algo que ele próprio afirma não ter ocorrido.
No entanto, por ironia do destino, um deputado do mesmo PTB, de São Paulo, acusa e prova a existência do mercado de emendas parlamentares entre deputados estaduais e prefeitos, na legislatura passada dentro da Assembléia Legislativa de São Paulo (ALESP). Ele afirma categoricamente: ongs e similares, prefeitos, vereadores, deputados, secretários operam, há muito tempo, esquemas nada republicanos de emendas negociadas com o governo tucano de São Paulo.
A “imprenÇa” foi obrigada a noticiar o fato. Mas não com a ênfase e com a maestria que dedicaram ao “mensalão”. Isso porque o governo em questão é o do PSDB de São Paulo, que há 17 anos manda no Estado e na ALESP.
Registramos aqui dois bons temas:
* O moralismo seletivo das “folhas”, “estadões”, “vejas” e similares
* O sistema podre que faz faz prefeitos mendigarem emendas, empresários pagarem “pedágio” a políticos, deputados, secretários e outros agentes públicos se chafurdarem na pocilga da corrupção, deve ser superado. Qual a saída: radicalizar a experiência do Orçamento Participativo.

setembro 15, 2011

Manifesto do Movimento dos Sem Mídia

Senhoras e senhores,

Estamos aqui hoje para nos manifestar contra a corrupção, mas não como aqueles que estiveram neste mesmo local no último dia 7 de setembro dizendo que se manifestavam pelo mesmo motivo. O que aquelas pessoas fizeram, na verdade, foi um ato orquestrado por grandes impérios de comunicação e que teve como objetivo favorecer partidos políticos.

Antes de prosseguir, é bom explicar que este Ato Público não pertence a nenhum partido político, a nenhum sindicato, a nenhum grupo de interesse. Foi convocado pelo Movimento dos Sem Mídia, que luta pela democratização da comunicação no Brasil, ou seja, para que essa comunicação não continue na mão de meia dúzia de famílias.

Quem são esses impérios de comunicação? São a Globo, os jornais Folha de São Paulo e Estado de São Paulo e a revista Veja e alguns outros que repetem o que eles dizem. Esses veículos estimularam a manifestação que ocorreu aqui no Masp no último dia 7 usando artigo escrito por um jornalista espanhol ligado a esses empresários de comunicação.

O jornalista espanhol Juan Arias disse que os brasileiros seriam acomodados com a corrupção porque não saem às ruas para protestar como no país dele. Escreveu aquilo apesar de que seu povo está indo às ruas porque a Espanha está em uma terrível crise econômica, com desemprego nas alturas. Os brasileiros não fazem o mesmo porque este país está indo muito bem, obrigado.

Os tais impérios de comunicação, dessa forma, passaram a reproduzir sem parar aquele texto sem sentido em seus jornais, revistas, rádios, televisões e portais de internet. Poucas semanas depois, aparecem essas manifestações “contra a corrupção” como a que aconteceu aqui no Masp no último dia 7 de setembro.
Naquela manifestação, o que se viu não foram críticas a toda corrupção, mas a políticos e ao partido aos quais as famílias Marinho (dona da Globo), Frias (dona da Folha de São Paulo), Mesquita (dona do Estadão) e Civita (dona da revista Veja) se opõem há muito tempo, ou seja, ao Partido dos Trabalhadores, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à presidente Dilma Rousseff.

Não foi por outra razão que aquela manifestação que ocorreu há cerca de duas semanas aqui neste mesmo local tinha faixas e cartazes acusando de corrupção o ex-presidente Lula, o PT e a presidente Dilma e foi acompanhada por políticos do Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB. Foi um ato político disfarçado de “marcha contra a corrupção”.

Não há brasileiro que não saiba que a Globo e os outros veículos já mencionados – e alguns menores que agem sob sua influência – fazem oposição ao PT e a todos os políticos deste partido ou a ele aliados. Desde 1989, quando Lula disputou sua primeira eleição presidencial, que esses impérios de comunicação fazem isso.

E por que fazem? Porque são contra a distribuição de renda, contra a melhora de vida do povo mais pobre e a favor da corrupção, pois todos sabem que quando denunciam políticos eles são sempre do PT e de partidos aliados e nunca do PSDB e dos aliados dele. E o que é pior: só denunciam quem se vende, quem se corrompe, mas nunca quem suborna porque são empresas que anunciam nesses jornais, revistas, tevês etc.

Durante semanas, esses veículos martelaram esses atos públicos artificiais que sairiam às ruas no 7 de setembro. Com publicidade dessa dimensão sendo veiculada sem parar nas televisões, rádios, jornais, revistas e portais de internet, claro que inocentes úteis que acharam que estavam se manifestando “contra a corrupção” foram atraídos e engrossaram as manifestações.

Se quisessem se manifestar contra a corrupção, os que estiveram aqui no Masp naquele dia também acusariam o governo de São Paulo, que impede que uma única CPI contra si seja aprovada na Assembléia Legislativa, onde há mais de cem pedidos de investigação que não vão para frente porque a imprensa, diferentemente do que faz contra o PT, não divulga.

E não divulga porque o governo de São Paulo acaba de gastar NOVE MILHÕES DE REAIS comprando assinaturas da Folha, do Estadão e da Veja, por exemplo. Dinheiro dos seus impostos, cidadão, que vai para o bolso desses impérios de comunicação.

Um bom exemplo de escândalos do PSDB que a mídia esconde está nas obras do Rodoanel, contra as quais pesam denúncias de superfaturamento. Ou, por exemplo, as obras de limpeza do rio Tietê, que neste ano transbordou porque o ex-governador José Serra diminuiu aquelas obras e aumentou gastos em publicidade que infestou a tevê durante o ano passado, quando o ex-governador disputou a Presidência da República.
A corrupção da mídia, portanto, está em ela jamais expor empresas que subornam políticos corruptos simplesmente porque são suas anunciantes. Assim, atacando só quem se vende e nunca quem compra políticos, a corrupção no Brasil não diminuirá nunca.

Há, sim, escândalos e corrupção nos governos do PT, do PSDB, de todos os partidos. Por isso há que investigar a todos e não só aos inimigos políticos das famílias Marinho, Frias, Civita, Mesquita e outros empresários da comunicação que acobertam políticos amigos e denunciam os políticos inimigos até mesmo quando não há prova alguma.

Nada a espantar vindo de impérios de comunicação que ajudaram a implantar e a sustentar a ditadura militar que manteve este país nas trevas de 1964 a 1985 e que torturou e assassinou pessoas apenas porque tinham opinião política diferente.

Ser contra a corrupção é ser contra quem corrompe e quem é corrompido. É não dar propina ao guarda de trânsito, é não subornar funcionário público para ele “agilizar” aquele processo em um órgão público. Não será atacando só os políticos inimigos e protegendo os amigos que este país reduzirá a corrupção, portanto.
O Movimento dos Sem Mídia, assim, é contra TODA a corrupção e não apenas contra a corrupção de alguns. Por isso, quando você, cidadão, ler ou ouvir esses jornalistas que se vendem aos patrões dizendo só aquilo que eles querem, acusando só petistas e aliados e dizendo que não votando neles a corrupção acabará, não acredite. É tramóia.

Corrupção existe no mundo inteiro. Em governos de todos os partidos. Há que dificultá-la, mas nunca se conseguirá acabar com toda ela. Não adianta demonizar a classe política porque sem políticos não há democracia. Voltaremos à ditadura militar, a um tempo em que os políticos eram amordaçados por generais que roubavam sem ter quem contestasse.

Assim sendo, se você quer uma imprensa que combata toda a corrupção, é preciso que essa imprensa não fique na mão de meia dúzia. Nos Estados Unidos, por exemplo, um mesmo empresário não pode ter jornal e televisão na mesma cidade. No Brasil, a Globo tem tudo – jornal, revista, TV, rádio, portal de internet – em todas as cidades.

Isso se chama concentração de propriedade de meios de comunicação. O que se quer, assim, é aprovar leis que existem em todos os países desenvolvidos e que não permitem que uma Globo use concessão pública como é um canal de tevê para fazer jogo político em favor dos partidos e políticos amigos.

Esses impérios de comunicação acusam quem pede leis para a comunicação de querer “censura”. É mentira. Ninguém quer que esses impérios não falem o que pensam. Só o que se quer é que quem pensa diferente da Globo possa ir em suas tevês contradizer a família que as controla, pois a faixa de onda eletromagnética que usam é uma concessão do povo.

Isso não é e nem jamais será censura.

MOVIMENTO DOS SEM MÍDIA

São Paulo, 17 de setembro de 2011

Alckmin paga 9 milhões pela fidelidade do PIG

Do blog NaMariaNews

Interrompemos nossas saudáveis férias nas paradisíacas selvas de Bornéu para informar que a chuva é molhada, o sol é quente, a grama é verde e a Educação de São Paulo continua a mesma, embora sob completa nova direção.
O Barão de Taubaté, ou melhor, o Sr.  José Bernardo Ortiz Monteiro é o presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) desde sua nomeação pelo Governador Geraldo Alckmin, em janeiro deste ano.
Pois não é que depois de ferrenha labuta nas negociações, Ortiz acatou ordem superior e assinou milhares de exemplares de jornais e revistas do PIG (Proba Imprensa Gloriosa) – para as melhores escolas públicas do mundo, cujos professores são também os mais bem remunerados do planeta? Sim. Exatamente como fizeram seus antecessores, o ex-governador José Serra e o finado Paulo Renato Costa Souza, ex-secretário de Educação de SP, o Barão de Taubaté fechou com a Folha de SP, Estadão, Veja, IstoÉ e Época. Tudo, como sempre, sem licitação.
Desnecessário dizer que, mais uma vez, a CartaCapital não aparece no rol dos favorecidos.
Eis os contratos, datas e seus valores, de acordo com o Diário Oficial:

27/julho/2011 – Época
- Contrato: 15/00628/11/04
- Empresa: Editora Globo S/A
- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 (cinco mil e duzentas) assinaturas da “Revista Época” – 52 Edições, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo – Projeto Sala de Leitura.
- Prazo: 365 dias
- Valor: R$ 1.203.280,00
- Data de Assinatura: 26/07/2011
(*Primeiro comunicado no DO em 12/julho/2011)

29/julho/2011 – Isto É
- Contrato: 15/00627/11/04
- Empresa: Editora Brasil 21 LTDA
- Objeto: Aquisição pela FDE, de 5.200 (cinco mil duzentas) assinaturas da “Revista Isto É”, 52 Edições, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo – Projeto Sala de Leitura.
- Prazo: 365 dias
- Valor: 1.338.480,00
- Data de Assinatura: 25/07/2011.
(*Primeiro comunicado no DO em 12/julho/2011)

3/agosto/2011 – Veja
- Contrato: 15/00626/11/04
- Empresa: Editora Abril S/A
- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 (cinco mil e duzentas) assinaturas da “Revista Veja”, 52 Edições, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo
- Projeto Sala de Leitura
- Prazo: 365 dias
- Valor: R$ 1.203.280,00
- Data de Assinatura: 01/08/2011.
(*Primeiro comunicado no DO em 12/julho/2011)

6/agosto/2011 – Folha
- Contrato: 15/00625/11/04
- Empresa: Empresa Folha da Manhã S.A.
- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 (cinco mil e duzentas) assinaturas anuais do jornal “Folha de São Paulo”, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo – Projeto Sala de Leitura
- Prazo: 365 dias
- Valor: R$ 2.581.280,00
- Data de Assinatura: 01/08/2011.
(*Primeiro comunicado no DO em 23/julho/2011)

17/agosto/2011 – Estadão
- Contrato: 15/00624/11/04
- Empresa: S/A. O Estado de São Paulo
- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 assinaturas anuais do jornal “O Estado de São Paulo”, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo – Projeto Salas de Leitura.
- Prazo: 365 dias
- Valor: R$ 2.748.616,00
- Data de Assinatura: 01-08-2011.
(*Primeiro comunicado no DO em 23/julho/2011)
Total: R$ 9.074.936,00.

Extenuado de tanto firmar tão bons acordos pedagógicos, o presidente da FDE, José Bernardo Ortiz Monteiro, como faz qualquer funcionário público, foi ter uns dias de férias lá na Europa.
Oh là là!
Alvíssaras, confrades.
PS – Agradeço ao gentil comentarista desta casa, em texto sobre os contratos do Estado (leia-se José Serra via Prodesp) com a empresa de escutas/grampos e que tais, Fence Consultoria, que escreveu o seguinte:

“Para achar coisa do PSDB é uma aranha, mas contra o petismo é mosca morta”

A ele nossa inteira concordância. Há mesmo seres mutantes em todas as esferas. Por exemplo, caro comentarista: por vezes sois uma araponga, mas em outras também um tucano.

setembro 13, 2011

Atos contra a corrupção da mídia. Divulguem!! Levem suas faixas!!

Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania

Haverá ato contra a corrupção da mídia também no Rio, na Cinelândia, na próxima sexta-feira, dia 16 de setembro, às 17 horas. Está sendo organizado pelo companheiro Sergio Telles.
Em São Paulo, a página do ato do Movimento dos Sem Mídia no Facebook já conta com 1000 confirmações de presença e mais de 300 adesões na página da Marcia e do Adolfo, que criaram o ato antes do MSM mas depois se uniram a ele. Aqui no blog, contabilizei umas 200 pessoas que não têm Facebook e que prometem comparecer.
No Rio de Janeiro, de ontem para hoje o ato pulou de 36 adesões para mais de 70 durante a madrugada. Possivelmente não haverá tempo para fazerem um ato mais denso, mas, pelo menos, farão alguma coisa.
Para  o ato paulista – no Masp, no próximo sábado, 17 de setembro, às 14 horas – já conseguimos um carro de som e o MSM fará algumas faixas. Não temos recursos para fazer muitas, então peço que quem puder faça a sua e leve.
A mídia não deu nem uma notinha, claro. Mas quem viu os atos recentes do novo Cansei  “contra a corrupção” na avenida Paulista, verá agora um ato contra a corrupção da mídia e quem tiver cérebro perceberá que a mesma mídia escondeu.
Os discursos e faixas pedirão o marco regulatório da comunicação e denunciarão que a mídia só noticia corrupção dos políticos do PT e aliados e ignora a dos governos tucanos como o de São Paulo. E que, acima de tudo, ignora os corruptores, ou seja, os que corrompem os políticos.
Estou preparando o manifesto do Movimento dos Sem Mídia que, como em todos os atos da ONG, será lido na abertura do evento, para que depois quem quiser faça uso da aparelhagem de som (potente) que levaremos.
São Paulo e Rio, portanto, começam reação contra um movimento engendrado, financiado e amplamente divulgado pela mídia, e que, lendo os leões-de-chácara dessa mídia em suas colunas e blogs, percebe-se que pretende atingir o governo Dilma e o legado de Lula.
É preciso reagir. No Rio, uma empresária “cansada” está convocando um ato genérico “contra a corrupção” para o próximo dia 20; em São Paulo, os “cansados” locais querem voltar à avenida Paulista em 12 de outubro; em Florianópolis e em Recife, outros “cansados” irão à rua no mesmo dia.
Os atos contra a corrupção da mídia não têm outra fonte de divulgação além deste blog, do facebook e do Twitter do blogueiro e no boca a boca dos leitores na internet, além de outros blogs que estão veiculando, enquanto que os atos da mídia saem em todos os grandes jornais, revistas, tevês, rádios e portais de internet.
É uma luta desigual? Sim, mas aí é que está o valor da iniciativa.
Para confirmar presença no Facebook no ato contra a corrupção da mídia em São Paulo, clique aqui, e para confirmar presença no ato do Rio, clique aqui

setembro 09, 2011

A ética e o jogo político

Por Miguel do Rosário, no blog Óleo do Diabo

Milhares de pessoas saem em todo Brasil para cobrar ética na política. O Globo divulga fotos na capa e na terceira e quarta páginas (as áreas mais nobres do jornal). A manchete diz: "Pelo país, protestos contra a corrupção". O subtítulo: "atos foram convocados pela internet".
Quem sou eu para ser contra protestos contra a corrupção?
No entanto, acho curioso que os jornais digam que "os atos foram convocados pela internet" se todos eles divulgaram data, local e até mapas na véspera.
É a mesma coisa que aconteceu em março de 1964. A imprensa fez uma grande campanha de mobilização da sociedade, através da força de seus instrumentos de comunicação de massa; entrevistava autoridades e entidades (as mesmas de hoje: OAB, ABI, Fiesp, Firjan...), que afirmavam apoiar a manifestação e que estariam presentes; e depois dizia que as pessoas haviam acorrido "espontaneamente".
Os órgãos de imprensa, que hoje formam a cabeça do "estamento" político da direita (conforme o conceito de Max Weber), querem associar-se às manifestações de massa para produzirem a impressão de que as suas ideias tem respaldo popular. Mas lhes interessa que essas manifestações não tenham líderes, não produzam organizações civis, que não sejam vinculadas a nenhum movimento social, partido político ou sindicato. Na matéria do Globo, deu-se destaque a hostilidade dos manifestantes a qualquer símbolo de alguma entidade civil organizada.
Quais são as propostas concretas que os manifestantes oferecem à sociedade?
Na verdade, uma manifestação contra a corrupção é como fazer uma manifestação contra a maldade: é uma manipulação da ingenuidade das pessoas.
Tenho me convencido, nos últimos tempos, que a sociedade manipulada pela mídia é inocente. Sinto-me cada vez mais inclinado a ver o que chamamos de classe média conservadora e alienada como vítima. Claro que o egoísmo entra em jogo aqui com muita força. Mas a partir do momento em que a informação disponibilizada para todo um grupo social vem somente de uma fonte, é inevitável que acarrete um processo de homogeneização (no caso, conservadora) ideológica de todo este grupo.
Ora, todos nós somos contra a corrupção. É saudável, da mesma forma, que a sociedade se mobilize para pedir reformas. O lado sombrio dessas manifestações, contudo, é que elas inscrevem-se na campanha sistemática da mídia para satanizar as instituições políticas.
Há muita corrupção no Brasil e ela deve ser combatida. Eu tenho prestado apoio aqui todo meu apoio à "faxina" da presidente, mesmo sabendo que a narrativa das ações governamentais tem sido em grande parte sequestrada por setores midiáticos de oposição. Não tem importância. Em política, assim como nas artes marciais, pode-se usar a força do adversário contra ele mesmo. A mídia quer fazer campanha contra a corrupção? Ótimo. A esquerda política pode dar o drible da vaca e usar isso para, de fato, fazer uma limpeza ética no país, investindo pesadamente em ações da Polícia Federal.
Na última vez que o governo federal fez isso, na era lulista, a mídia pediu arrego, assustada com o desfile de altos empresários, magistrados, políticos, entrando algemados em camburões. A mesma OAB que hoje apoia as manifestações contra a corrupção deu, na época, declarações de defesa aos empresários presos por sonegação de imposto. Não esqueço: presidente e diretores da OAB defendendo as falcatruas das proprietárias da Daslu. Não esqueço: editoriais e mais editoriais contra o "estado policial".
Na minha opinião, portanto, devemos apoiar as manifestações contra a corrupção, mas dar-lhes uma consequência. Vamos ampliar ainda mais a Polícia Federal. Vamos endurecer as leis contra políticos, funcionários públicos e empresários (sim, não esqueçamos os empresários!) envolvidos em prevaricação. Vamos exigir mais transparência nos gastos governamentais, em todas as esferas. Essa é uma agenda importante, até mesmo prioritária, porque se esses desvios não representam muita coisa (percentualmente falando) a nível federal, eles constituem uma verdadeira tragédia nos municípios.
Não há frase melhor para fechar esse post do que um misterioso verso de Arthur Rimbaud:

"Enquanto recursos públicos se evaporam em festas de fraternidade, um sino de fogo rosa soa nas nuvens."

Dessa vez é literal: Leu na Veja, se f...

Por Renata, da Folha.com

Remédio para diabetes não deve ser usado como emagrecedor, diz Anvisa

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) lançou hoje em seu site uma nota de alerta sobre o uso inadequado de um remédio para diabetes com o intuito de emagrecer.
O uso do medicamento Victoza para perder peso foi tema de matéria de capa da revista "Veja" desta semana. A reportagem citava exemplos de sucesso de pessoas que emagreceram com o remédio e tiveram poucos efeitos colaterais.
Segundo a Anvisa, "a única indicação aprovada atualmente para o medicamento é como agente antidiabético. Não há, até o momento, solicitação na Anvisa de extensão da indicação do produto para qualquer outra finalidade. Não foram apresentados à Anvisa estudos que comprovem qualquer grau de eficácia ou segurança do uso do produto Victoza para redução de peso e tratamento da obesidade."
A Anvisa diz ainda que o uso do produto para qualquer outra finalidade que não seja para tratamento de diabetes apresenta elevado risco para a saúde da população.
O Victoza foi aprovado para comercialização no Brasil em março de 2010 para uso específico no tratamento de diabetes tipo 2. Sua indicação, segundo a Anvisa, é como "adjuvante da dieta e atividade física para atingir o controle glicêmico em pacientes adultos com diabetes tipo 2, para administração uma vez ao dia ou como tratamento combinado com um ou mais antidiabéticos orais, quando o tratamento anterior não proporciona um controle glicêmico adequado".
De acordo com a Anvisa, foram relatados eventos adversos associados ao medicamento nos estudos clínicos do registro e nos relatórios de segurança periódicos apresentados à Anvisa. Os mais frequentes são hipoglicemia, dores de cabeça, náusea e diarreia. Destacam-se ainda o risco de pancreatite, desidratação e alteração da função renal e da tireoide.

setembro 08, 2011

A revolução não partirá do vão livre do Masp


Manhã fria e sem nuvens em São Paulo, e eles já se aglomeravam no vão livre do Masp, na avenida Paulista. Alguns cartazes (um deles citava a “justiça de Deus”), um certo barulho, alguns apitos, uma pitada de indignação e uma aparente desorientação representada pelo desavisado que errou de presidente ao erguer uma placa de “fora Lula”… São dezenas (talvez duas centenas), a maioria jovens, protestando, no Dia da Independência, contra a corrupção.
Na organização do evento, espalhada pelas redes sociais, os pontos de exclamação se proliferam como lanças afiadas. Não se sabe exatamente o alvo, mas estão ali, exigindo que não sejamos omissos. Nada contra as boas intenções, mas o discurso que antecede a exclamação, mesmo que dentro de míseros 140 caracteres, propaga antes a preguiça que a indignação.
Em São Paulo, os mesmos pontos de exclamação já foram mais simpáticos. Mais bem-humorados também. Outro dia o Facebook ajudou a levar a Higienópolis uma galera que queria dar as caras e mostrar que, diferentemente da população local, não tinha vergonha de ser “diferenciada”. Foi a maneira encontrada para avisar que a questão do transporte público era mais nobre que o eventual incômodo causado pela democratização do acesso ao bairro. Funcionou: a associação de senhoras e senhores que reivindicava o direito ao isolamento se calou, o governador se manifestou, e a questão passou a ser discutida com seriedade. Ponto para os manifestantes.
Questão pontuais, e mais que legítimas, também levaram manifestantes às ruas em São Paulo em tempos recentes. Na intenção de escancarar o repúdio à opressão masculina, ainda reinante em rodas de conversa e abordagens pelas ruas, mulheres organizaram a Marcha das Vadias pelo direito de usar saia sem serem agredidas. Ponto para elas.
Mesmo a mais polêmica das marchas, a da maconha, propunha-se a provocar uma discussão pública: seremos obrigados a tomar bala perdida em nossas casas por um combate ao tráfico que enxuga gelo e pode ser desatado de outros modos? Ponto para os manifestantes, que chamaram a atenção para a imprensa e os órgãos públicos para a discussão, gostem dela (e da fumaça) ou não.
Mas o que seria protestar contra a corrupção? A organização, por meio do Facebook, explica: é uma “guerra contra o mau político, contra a corrupção que assola nas esferas federal, estaduais e municipais, contra as obras superfaturadas, contra as licitações viciadas e fraudulentas, contra os desvios de verbas, contra o ‘retorno’ (comissão) cobrado por políticos e funcionários públicos para liberação de verbas públicas, e contra a degradação da nação está começando (sic)”.
No Brasil, todos querem ser um cara-pintada quando crescer. Falta direcionar o revide. Faltou pedir para que as pessoas saiam às ruas – com bandeiras e fitas verde e amarelas, frise-se – contra a maldade humana, contra o frio, contra os enjoos nos navios, contra a gripe, contra a frieira, contra aquelas malditas tomadas de três pontas, contra o mau futebol, contra o provedor de internet que só garante 10% da velocidade e contra o suco de laranja a 4 reais. Um manifesto contra tudo isto que está aí teria somente o mesmo efeito: um grande grito por mudanças para que tudo continuasse exatamente igual, salvo a indignação e a sensação de distinção de quem afirma não compactuar com os desmandos de mandatários que, colocados assim, parecem distantes de tudo, numa outra realidade.
Os pontos de exclamação – tanto contra a corrupção como contra as tomadas de três pontas – são justos. Denotam preocupação com o estado das coisas, num certo modo, digamos, paulistano de demonstrar indignação. E que, na prática, nada traz de novo, ainda que os pontos de exclamação estejam afixados em cartazes impressos em mimeógrafos, impressoras a laser ou na fluidez do Facebook. No Brasil, a experiência da queda do primeiro presidente eleito, sem base no Congresso e na grande imprensa, deu a impressão de que sair de preto às ruas em sinal de protesto era causa e não efeito de algo já consolidado. Desde então, todos querem ser um cara-pintada quando crescer. Todos querem sair caminhando e cantando e seguindo a canção e ter uma causa. Mas a canção, num país de democracia minimamente consolidada e órgãos de controle minimamente operantes, passa a ser outra.  Tirar o feriado para pedir o fim da corrupção, nesses termos e alguns pontos de exclamação, só faz lembrar uma antiga música em que Raul Seixas dizia: “O que você quer em sua vida é só paz, muitas doçuras, seu nome em cartaz, mas fica arretado se o açúcar demora, e você chora, você berra, você pede, implora…”
Pode não parecer, mas o combate à corrupção é feito sem estardalhaço. É feita por meio de pressão, e mais pressão, sobre quem permite pequenas brechas que possibilitam desvios e travam a transparência no País. Enquanto pontos de exclamação pipocam nas telas do computador e apitos na Paulista, uma discussão sobre reforma política é desenhada em Brasília: nos corredores do Congresso, debate-se as formas de financiamento de campanhas (“te ajudo hoje, você me ajuda amanhã”), a regulação do lobby (“quem são eles?”), emendas parlamentares (“por oito reais para minha base, voto com o governo até para enforcar a mãe”). Amadurece, ao mesmo tempo, a hora para novos debates, num País que ainda discute de que maneira delitos políticos são passíveis de punição. Vide o caso Jaqueline Roriz, cujo escrutínio da opinião pública passou ao largo de uma votação secreta.
Talvez  seria pedir demais que se entendesse os mecanismos de corrupção – de duas vias, quase sempre, entre público e privado – antes de sair às ruas pedindo a extinção de um inimigo que poucos reconhecem o rosto. Sem isso, a manifestação passa a ter como alvo a representação pública, a própria democracia, e não o corruptor em si – mas para isso, e aí sim seria pedir muito, é preciso dar nome aos bois. Que tal o das grandes construtoras ou outras grandes detentoras de contratos públicos cujos diretores aplaudimos de pé quando aparecem na tevê para dar palestras ou testemunhos sobre como vencer na vida?
Como lembra o cientista político Leonardo Avritzer, da UFMG, em recente artigo nesta CartaCapital, “sem corrigir alguns processos na organização do Estado e do sistema político, a corrupção voltará a estar presente nestes mesmos lugares”, faça a presidenta Dilma Rousseff a “faxina” que quiser. Porque todos os debates acima colocados ainda engatinham. E engatinham com ou sem o grito dos indignados, hoje patrocinados pela OAB e pela CNBB.
Diante de tudo isso, é possível garantir que, enquanto algumas dúzias de paulistas gritam contra a corrupção, os probos que livraram Roriz e se aboletam sobre obras públicas (para desviar o “nosso dinheiro que pagamos com tanto sacrifício”, como diz o protesto) riem. Ou dormem neste feriado.
Nesse cenário, o vago protesto contra a corrupção não deixa de ser didático. Ao menos mostra que, enquanto ingenuidade e instrumentalização política marcharem juntas, fica quase impossível dizer que, no Brasil, a revolução ainda será Twittada, como no mundo árabe. Quando o for, ela não partirá do vão livre do Masp.

setembro 06, 2011

A grande mídia e verdadeira corrupção


Pelo Prof. João Feres Júnior, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos – IESP e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

Corrupção! Essa é a palavra-chave que tem pautado o noticiário político nacional. Qualquer pessoa que abre as páginas dos jornalões e das revistas semanais de maior circulação no país, ou que acompanha o noticiário televisivo, não tem como fugir da enxurrada de matérias jornalísticas e textos de opinião sobre o tema. A corrupção foi guindada à condição de questão maior da política brasileira nesse começo de governo Dilma, e a grande mídia parece muito empenhada em insuflar essa agenda.
Tão empenhada que até começou a empregar a expressão “faxina” associada a uma suposta luta contra a corrupção que a presidenta “deveria” liderar. Ainda que o governo resista a adotar tal metáfora de gosto duvidoso, e de memória dolorosa, ele está sendo chamado a responder incessantemente às demandas dessa pauta.
Tem mais. O tema da corrupção carrega o potencial de produzir uma sensação de perplexidade entre o público de orientação progressista. Tal perplexidade é até compreensível, mas ela é muito perigosa e para ser superada deve ser antes bem compreendida. A perplexidade é uma condição marcada pela incapacidade de se tomar uma decisão, incapacidade mesmo de agir, de tomar partido, etc. Perante o tema da corrupção, o cidadão progressista, ou de esquerda, se me permitem o uso do termo, tem frequentemente uma reação imediata de repúdio. Ora, em seu sentido mais corrente, o termo denota a roubalheira, a apropriação privada de patrimônio público, o uso de cargo público para enriquecimento privado, tráfico de influência, troca de favores etc. Essa lista poderia se estender bastante. É claro que todo mundo que é a favor de uma maior igualdade, de mais justiça social, não pode ser a favor do desvirtuamento da máquina e recursos estatais, que são os meios precípuos para se promover tais fins.
O problema de sermos tomados pela perplexidade é não percebermos a natureza de quem faz o agendamento: a grande mídia. A menos de um ano atrás a mesma mídia agia em bloco como partido político bombardeando a candidatura da atual presidenta, misturando fatos reais a ilações falaciosas e, mais importante, rasgando todos os manuais de boa conduta jornalística. Contra o candidato da oposição, quase nada foi aventado, com raríssimas exceções e mesmo assim já no final da campanha.
O estelionato eleitoral foi evitado pelo voto popular, mas os órgãos da grande mídia, de cá para lá, continuam os mesmos, com os mesmos poucos donos, os mesmos editores e colunistas conservadores, os mesmo jornalistas. E esse constitui o principal problema da democracia brasileira atual: a corrupção do espaço público.
A grande mídia ainda é responsável em boa medida pela informação da maior parte da população, e, dessa maneira, é influente na formação da opinião pública. Por mais que os grandes jornais tenham perdido um pouco de seu poder de agendamento, que o mito dos “formadores de opinião” da classe média tenha sido desmontado na prática, ainda resta a mídia televisiva, que alcança toda a sociedade. E a classe média continua sob a influência diuturna das revistas e jornais dos grandes conglomerados de mídia brasileiros. Temos aqui uma tensão estrutural em uma sociedade que ao mesmo tempo democrática e capitalista.
A propriedade privada dos meios de comunicação, particularmente em seu formato oligopolizado, conduz à usurpação do espaço público em prol dos interesses dos poucos grupos que detém os meios. Na prática, os proprietários tem poder de veto e de agenda sobre tudo o que é informado ao público. É claro que poderíamos imaginar hipoteticamente situações em que o conflito de interesses e de posições ideológicas entre diferentes grupos dentro do oligopólio abra espaço para certa diversidade de opiniões.
Infelizmente, não é isso que se observa em nosso país. Pelo contrário, há um grande alinhamento ideológico entre os principais grupos de mídia, a despeito da competição entre eles em diferentes mercados, como provimento de serviços de internet, TV a cabo etc. Na última eleição agiram de fato como bloco de oposição, comportamento que levou alguns comentaristas a apelida-los coletivamente de “partido da mídia”.
O problema é que finda a eleição, as pessoas parecem que se esqueceram da terrível tragédia que quase se consumou e passaram a tratar a grande mídia como fiel sustentáculo do debate público democrático. Não é! Abram as páginas dos principais jornais e revistas semanais de nosso país e verão que ali geralmente só há um lado da história, somente um pequeno punhado de ideologias afins e silêncios retumbantes. Políticos que são criticados veementemente e outros contra os quais nada se apura.
Ou seja, a corrupção do espaço público é o calcanhar de Aquiles da democracia brasileira, e esse é um calcanhar enfraquecido, luxado, distendido. Sem um sistema de informação plural e responsável não teremos uma formação saudável da opinião pública. Sem uma opinião pública bem informada como poderemos esperar o aprimoramento das instituições, o avanço das questões normativas que se colocam constantemente perante uma sociedade democrática (proibição do porte de armas, aborto, eutanásia, bioética etc) e mesmo a eleição de melhores quadros de representantes?
Mas o noticiário político, por razões óbvias de conflito de interesses, é totalmente impermeável a esse problema fundamental. Pior, toda vez que alguma associação, partido ou político se aventa a criticar o oligopólio midiático, são imediatamente acusados de violarem o princípio fundamental da liberdade de expressão.
Aqui estamos, mais de seis meses se passaram desde a posse da nova presidenta. A grande mídia continua unida, agora sob a égide do combate à corrupção. Querem agendar o debate político, e, claro, agendar o próprio executivo. Trata-se de fato de uma armadilha, pois é agenda eminentemente negativa e com grande potencial de corroer a base de sustentação partidária do executivo no congresso. A presidenta Dilma parece já ter percebido que está sendo atraída para tal armadilha. Sua resposta tem sido não ignorar a pauta completamente, e ao mesmo tempo tentar criar uma agenda positiva de novos programas governamentais e iniciativas de desenvolvimento. A questão é: qual a probabilidade de tal estratégia funcionar se a questão principal, que é a corrupção do espaço público sob o oligopólio da grande mídia, não é atacada? E nesse tocante o governo parece estar na defensiva, pois desde que tomou posse Dilma não manifestou vontade de trabalhar para mudar esse calamitoso estado de coisas.
Para além do problema conjuntural, devemos perguntar até que ponto a democracia brasileira pode continuar se aprimorando se no cerne de seu funcionamento temos um problema dessa monta. Seria ele intratável? Estaríamos fadados a presenciar a fascistização crescente da classe média, logo agora que ela se abre para receber um enorme contingente de brasileiros? Será que a internet, com seu grande potencial de pluralização de fontes de informação, pode nos salvar? Essas são questões fundamentais para o futuro de nosso país. Infelizmente, pouca gente parece interessada em refletir sobre elas.

setembro 05, 2011

A regulação da mídia britânica

Por Martin Wolf, no Financial Times

Crianças intimidadas cercando o valentão do parque — este é o espetáculo no Reino Unido desde que estourou o escândalo da violação dos telefones pelo [tablóide] News of the World. Como alguém que há muito acredita que a influência de Rupert Murdoch na vida pública do Reino Unido era bastante intolerável, estou encantado ao ver essa reversão de fortunas. Mas raiva não basta. O Reino Unido precisa aproveitar a oportunidade para rever a estrutura e a regulamentação de sua mídia.
A mídia é um negócio. Mas não é um negócio qualquer. Ela não apenas reflete, mas também modela a opinião pública e assim controla uma imensa influência política. É por isso que ditadores buscam controlar a mídia e políticos democratas buscam usá-la. Uma pessoa que controle uma porção substancial da imprensa e da televisão exerce grande influência sobre a vida pública, sem prestar contas a ninguém. Esta é (ou pelo menos era) a posição da News International, [a empresa] do sr. Murdoch.
Alguns poderiam argumentar que, ainda assim, é melhor deixar a questão da propriedade para o mercado resolver e deixar a questão do conteúdo regulamentada apenas sob os direitos da liberdade de expressão, sujeito apenas às leis da difamação ou da invasão de privacidade. Mas a questão da propriedade, sim, faz diferença. A mídia tem uma relação íntima com o funcionamento da política democrática ou, em outras palavras, com a capacidade das pessoas de desempenharem seus efetivos papéis como cidadãos.
Somos tanto consumidores quanto cidadãos, indivíduos em busca de nossas vidas privadas e participantes da vida pública. Liberais clássicos, que começam por assumir que o papel do Estado deveria ser estreitamente circunscrito, enxergam na mídia não mais que uma arena para gladiadores comerciais. Mas, nas palavras de Aristóteles, o homem é um “animal político”. Precisamos tomar várias decisões juntos. No Ocidente fazemos isso através de um estado governado pela lei e responsável perante os governados. Assim, este é um governo do debate permanente. A mídia é o forum para a política democrática. E é por isso que ela é importante.
Diversidade de mídia requer diversidade de propriedade. Mas forças econômicas podem gerar um grau de concentração incompatível com a desejável diversidade. Os políticos, assim, acabam rastejando diante dos proprietários da mídia, que controlam a comunicação dos políticos com o público. Nos piores casos, o proprietário de mídia pode de tal forma torcer e distorcer esta comunicação necessária de forma a transformar a vida pública. Eu argumentaria que o populismo direitista da rede Fox fez justamente isso nos Estados Unidos. Isso não deveria acontecer no Reino Unido.
Ainda assim, paradoxalmente, um proprietário poderoso, como o sr. Murdoch, também pode promover diversidade. O Times — um jornal decente — existe hoje por causa das subvenções da News International. Esta necessidade de apoio reflete parcialmente a situação econômica dos negócios jornalísticos, num momento em que a internet devasta os modelos de negócio tradicionais, baseados em publicidade.
Se tratar a mídia da mesma forma que tratamos as mercearias é um erro grave, é igualmente enganoso ignorar o lado econômico destes negócios. A mídia precisa de financiamento. Se os fundos não vierem do mercado, precisam vir de algum outro lugar. Isso, também, cria riscos, e o domínio pelo Estado não é o menor deles. Cada país terá de conseguir seu próprio equilíbrio, alerta para os dilemas, particularmente em nossa era de profunda mudança tecnológica.
O que agora é necessário é um reexame abrangente do papel e da regulamentação da mídia no Reino Unido. Além disso, quaisquer conclusões desta revisão devem incluir um compromisso explícito com novas revisões futuras, para considerar transformações em andamento na tecnologia e no ambiente de negócios. Tal revisão ampla deveria abranger: lei sobre privacidade e difamação; regulamentação da imprensa; concentração de propriedade dentro e através das diferentes mídias; papel do serviço público de radiodifusão; financiamento público da mídia em geral e da produção de notícias em particular.
Minhas posições preliminares são: a privacidade dos sem-poder precisa de mais proteção e os malfeitos dos poderosos, de menos; a reparação por cobertura maliciosa precisa ser mais dura, preservando a liberdade de expressão; regras para a propriedade cruzada da mídia deveriam ser muito mais duras, com a debatida posição da News Internacional tanto em jornais como na televisão descartada a priori; o país deveria continuar a apoiar a BBC através de financiamento estável, porque ela define a noção do bem público; e deveríamos considerar se a coleta de notícias e análises de alta qualidade merecem financiamento público.
Estes são tempos notáveis. Mas eles também são, até agora, em grande parte uma explosão de raiva daqueles que foram humilhados pela imprensa de Murdoch. A investigação de duas partes planejada pelo primeiro-ministro [David Cameron] sobre o escândalo das violações telefônicas e questões relacionados cobre muito, embora nem todo, o campo necessário.
Não basta acertar as contas com o valentão do parque, ainda que os desvios de comportamento dele tenham sido tão escandalosos. É essencial projetar uma estrutura de regulamentação que preserve a liberdade da mídia, que ao mesmo tempo contenha os abusos, inclusive a concentração de poder sem prestação de contas. Os meios de comunicação são muito importantes para serem deixados à mercê de políticos ou juízes. Mas são também muito importantes para ficar sob proprietários dominantes. O Reino Unido tem uma oportunidade de ouro para encontrar um novo equilíbrio. Se isso acontecer, este escândalo ainda pode dar frutos.